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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

"Ousar lutar" e "Ousar Vencer"

Em um quarto da minha casa remanesce alguns livros de um primo historiador. Já fui rata de biblioteca, mas devido há vários acontecimentos, havia estacionado o velho hobby que me acompanha desde a tenra infância.
Contudo, retornei às velhas práticas e nesse fim-de-semana li "LAMARCA - O CAPITÃO DA GUERRILHA, de Emiliano José e Oldack Miranda.
Desde as discussões atuais a respeito da extradição do italiano Battisti, comecei a me interessar pelo tema "guerrilha" e li com avidez a saga do guerrilheiro Lamarca que "ousou lutar" e ousou morrer contra a Ditadura.
Tão logo findei a leitura, passei a ler GUERRA CIVIL, de Hans Magnus Enzensberger, poeta e ensaísta alemão, que chama a atenção aos protagonistas das atuais guerras civis, presentes em todo o mapa-mundi.
Dificilmente hoje presenciamos um seguidor de Che, Mao, simpatizantes de Fidel guerreando por um ideal social.
Apesar das diferenças peculiares, Hans chama a atenção ao caráter autista dos criminosos atuais e da incapacidade de distinguir destruição e autodestruição.
"Comparados aos atuais, os combatentes do passado eram homens crédulos. Davam grande valor ao matar ou morrer em nome de algum ideal; mantinham-se ligados 'inflexivelmente', 'ferreamente', 'fanaticamente', etc. ao que se considerava outrora uma visão de mundo, ainda que fosse a mais aberta."
Hoje, diferentemente, os guerrilheiros não necessitam de visão de mundo. O ódio é suficiente.
"Qualquer trem de metrô pode tornar-se uma Bósnia em miniatura. Para um novo pogrom não se necessita mais de judeus e para uma nova purificação social dispensa-se a presença de indesejáveis contra-revolucionários".
Basta que torça para outro time de futebol, fale outra linguagem, tenha outra opção sexual, resida em outro morro, etc.
É uma guerra molecular travada onde ao mesmo tempo se assassina e se suicida. O futuro deixa de ser refletido, consequências deixam de existir, persistindo o "tempo presente" com um instinto de morte que ultrapassa o instinto de preservação da vida.

2 comentários:

  1. luciana. Tenho para mim que os tempos são outros. a revolução que outrora, derramou litros de sangue que lavaram nossas ruas, hoje está na cabeça das pessoas intelectuais. A luta hoje ocorre às escondidas, nos bancos das bibliotecas, na internet. Vale dizer, uma revolução intelectual, e/ou cibernética. As armas que em outros tempos, surgiam nas mãos dos revolucionários. Hoje com uma nova faceta, foram substituídas por livros. Será???? Me perdoe se eu estiver sendo utópico.

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  2. Edson querido, penso como vc.
    Mas infelizmente existem outras guerras travadas, com armas um tanto pesadas, que não buscam nenhuma revolução, nem defendem nenhum ideal.
    E talvez nossos livros não tenham poder nessas lutas, pois ninguém quer ouvir outras vozes.

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